Ao que fechou os olhos, estava na sala, no sofá duro,
E ela também, mas não faziam nada demais.
Na verdade, talvez aquele dia nem tivesse existido,
Já confundia sonho com lembrança.
Era, às vezes, jovem, criança,
Em seguida, já marido,
Entre promessas que nem lembrava mais,
Ele prometeu nunca deixá-la no escuro.
Dançaram aquela música, que nunca mais teriam ouvido,
Com os rostos se encontrando num passo quase que demarcado.
A cada segundo remontava os sabores que haviam sentido,
Mas eles se realçavam, e tudo o deixava encantado.
Faziam questão de amassar o travesseiro,
O sono era bom, e lhes descansava o corpo todo.
Cansaço, esse, provocado pelos dois em um acordo sem muito verbalismo.
Eram, de certo modo, uma personificação mais reservada de altruísmo.
Parecia, ainda, ouvir o riso em cada cômodo,
O som lhe atravessava a cabeça e se fixava nos relógios, segurando cada ponteiro,
Tudo ficava lento, e a risada era tão gostosa que ele acabava rindo também.
Nisso, levantou as pálpebras devagar,
Torcendo, até implorando para enxergar algo diferente.
Não havia mais o sorriso puro.
Não existia o olhar contente.
Sequer ela, no seu lugar não havia ninguém.
Algumas lâmpadas estouram por excesso de luz, coisa que ele não entendia.
Agora soluçava, mas não guardaria a foto para deixar de lembrar,
Ele prometeu nunca deixá-la no escuro.
Preso naquela moldura, um beijo que ele ainda sentia,
E procurava em volta, esperando achar.
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