terça-feira, 12 de agosto de 2014

Desaparecido

No tapete, alguns amassos pelo chão,
E outros ares, antes presos num balão
Despedaçado, como um fogo de artifício,
Se fazendo de difícil
Ao atingir a escuridão.
Ia pro quarto, já sem brilho,
Se embrulhando com fitilho
Pra se dar à exaustão
De existir com exatidão,
Ao persistir em descansar.
O corpo pede desculpa por ter desistido,
Os fios de luz já eram cabelos conforme os anos esvaneciam.
Adentrando a sala, atravessaram o vidro que se tatuou de nublado,
E diluíam-se numa breve incandescência, assim que se transformavam.
Num retrocesso, as poucas batidas do coração
Enfeitavam o entardecer.
O corpo caía, e seu limite era, então, conhecido.
Foi, este, o primeiro caso do humano que conseguiu não ser.
Testemunhando o milagre, o silêncio, antes de ceder,
Fez questão de acompanhar todos os dias que não haviam acontecido:
Deu lugar à oração de um grupo de gente
Que, impaciente, insistia em ver
Algo que havia desaparecido.
E o vidro voltava a ser transparente.

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