quinta-feira, 21 de abril de 2011

E o mundo pintado de azul

Você pedia pra eu pintar o mundo de outra cor,
Seus olhos tão lindos estavam cansados,
Focados, fechando, e cheios de amor.
Eu falava que não podia,
Você insistia,
"Claro que não!", rindo, eu dizia,
Mas é claro que eu podia.
Eu pegava o violão com a corda estourada,
Uma caixa de leite e groselha gelada,
Subia a serra, te deixava cansada,
Você dormia na grama molhada,
Esgotada, sabia que acordaria com uma canção improvisada,
E o mundo pintado de azul...
Os olhos fechados ainda brilhavam,
As dedilhadas do futuro num céu alaranjado me lembravam,
Era hora de ir embora.
Pegava o violão e você no colo, o leite e groselha ali ficaram,
Você acordou, assustada,
Deu um pulo, quase rolou morro abaixo,
Parou ali pra baixo, me chamando murmurando,
E eu, tudo pra cima fui jogando,
Corri quase chorando,
"Machucou?"
E você só falou,
"Eu gosto do mundo assim, azul."
E fomos embora.

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