sexta-feira, 23 de março de 2012

Afilhada

Brilhando, parte um:
Entenda-se por raio:
Veias, coração, artérias,
Ou alvéolos do pulmão.
Sua carranca de risadas sérias
Não deixava pra brilhar depois.
Era noite de verão.
Flutuando, parte dois:
No fim do dia, eu me lembro,
Era o último pôr-do-Sol de dezembro,
E os raios em minhas mãos estavam
Largos e felizes,
Largos infelizes,
Larga os infelizes,
Em indômitas matrizes
De confissões aos sóis,
Naquela branquidão de mil lençóis.
Voando, parte três:
E nisso, virou luz,
Em seu cabelos de diversos méis,
Méis de cor estranha...
Já brilhou em nuvem branca
Toda luz que se levanta
Lá por cima da montanha.
E quando surge, em Vênus, em Urano,
Em qualquer estação de ano,
Em qualquer final de rua,
Sua rainha, afilhada da Terra,
Vai chamando com cautela,
"Vem cá ver minha mãe, a Lua!"

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